DEFINIÇÃO DE AFRICANIDADE!

A expressão africanidades brasileiras refere-se às raízes da cultura brasileira que têm origem africana.

CARTA DE REPÚDIO AO DCE!

O Coletivo Pró-Cotas vem, por meio desta carta, esclarecer alguns pontos relacionados à pintura do muro do espaço do DCE

COTAS SIM!

Tratar os desiguais de forma igual, nesse sentido, pode gerar injustiças sociais. Numa sociedade que até mesmo dentre as escolas públicas há desigualdades...

O lado cruel do preconceito!

"A gente não deve esmorecer, deve ter persistência, porque na verdade a felicidade do negro é uma felicidade guerreira".

30 de agosto de 2010

PERGUNTAS QUE INCOMODAM:

1- As cotas são inconstitucionais?

R. Não. Desde a Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata em Durban (África do Sul), em setembro de 2001, a rejeição ao racismo ganhou força normativa dentro do Direito brasileiro. De acordo com o professor da Faculdade de Direito da UnB, José Geraldo de Sousa Júnior, não há mais controvérsia sobre a constitucionalidade das ações afirmativas. Para ele, a política não pode ser considerada contrária ao princípio da igualdade, já que tem por objetivo remediar situações desvantajosas, ainda que impliquem tratamento favorável a um grupo social. Outra prerrogativa é autonomia universitária assegurada pela Constituição brasileira. Isso dá à instituição a liberdade de adotar regras próprias nas áreas administrativa e acadêmica. E, o mais importante: a Lei garante que a igualdade só pode se dar com a eqüidade (real equivalência de condições) – isto é: não basta dizer que todos são iguais e têm os mesmos direitos, é preciso dar condições reais para que as pessoas exerçam essa igualdade e vivam seus direitos.

2- Por que o preenchimento das vagas, na UEL, não é fixo (20% + 20% + 60%) existindo o mecanismo complicado da migração?

R. A intenção é de ampliar ao máximo as chances dos candidatos negros e da escola pública e, ao mesmo tempo, selecionar os melhores de cada categoria, para que ninguém possa dizer que o Sistema de Cotas diminuiu o nível de excelência da UEL. É preciso lembrar que esse alto nível representa uma grande vantagem na disputa, depois de formado, para o profissional que busca se inserir no mercado de trabalho.

3- As cotas não são um tipo de discriminação?

R. Sim, se entendermos por discriminação diferenciação, mas sem o sentido negativo em que se aplica a palavra – trata-se do que chamamos de uma discriminação positiva, como é o caso de construir rampas para os cadeirantes chegarem a um andar de cima ou criarmos mecanismos para proteger as crianças do assédio dos pedófilos. Nesse sentido, toda a ação social é a construção de um equilibro de discriminações positivas.

4- As cotas não contribuem para aumentar a discriminação?

R. Não, o que elas podem fazer é obrigar os racistas a se manifestarem. O que é ótimo, pois o racismo oculto por detrás de palavras bonitas, é o pior de todos, o que mais fere e o mais difícil de combater.
 A presença de estudantes ou de professores negros em universidades onde, antes, eles não existiam, pode provocar estranhamento ou raiva – o estranhamento será logo superado pela clara constatação que pessoas diferentes são apenas isso: pessoas diferentes; a raiva pode acontecer pelo racismo ou pela competição; em ambos os casos, ninguém pode mandar na opinião de ninguém, mas, também, ninguém pode usar sua opinião pessoal para prejudicar ou desrespeitar quem quer que seja.

5- As cotas são uma entrada pela “porta dos fundos” da UEL?

R. De forma alguma. O cotista da escola pública ou o negro fazem exatamente a mesma prova e não recebem nenhum bônus na avaliação. A única coisa que acontece é que a competição se dá entre iguais, no interior das categorias, para evitar injustiças que têm sua origem nas desigualdades sócio-econômicas e, não, no mérito. Mas mesmo esta divisão por categorias é articulada com o sistema de migração para que haja a certeza de estarmos dando a melhor chance aos melhores de cada categoria. É importante que o cotista perceba que ele teve de provar sua capacidade para entrar na UEL, como todos os candidatos e que a Universidade espera que ele continue a provar essa capacidade no curso que escolher, para que se forme como o melhor profissional possível. Que ninguém está lhe fazendo um favor: que ele está exercendo um direito legítimo. A responsabilidade social e simbólica do aluno cotista é muito grande, depende muito do seu orgulho, do seu posicionamento crítico e competente que as crianças e jovens das periferias brasileiras comecem a ver, na Universidade, um espaço que é delas também.

6- Então por que outros grupos étnicos não recebem cotas?

Em cada lugar, em cada país, grupos diferentes precisam de cotas. No Brasil, em função dos 400 anos de escravidão e de nunca ter havido nenhum apoio à população negra para que ela tivesse acesso regular e de qualidade à moradia, saúde, educação e trabalho, esta população ficou relegada à periferia das cidades, tornando difícil ou quase impossível, a ascensão social das novas gerações. Todos os indicadores sociais mostram que, mesmo nas condições de maior pobreza e carência, os jovens negros são os mais vulneráveis à violência, ao desemprego, à doença e à morte. Os outros grupos étnicos são muito menores e, mesmo que tenham enfrentado grandes dificuldades no seu processo de adaptação na sociedade brasileiro, não foram, nem de longe, tão maltratados e destroçados como os negros. Mas os indígenas, que também foram dizimados no processo da ocupação de suas terras, também recebem Ações Afirmativas.

7- Quem é preto/negro no Brasil, já que existe tanta miscigenação? Qual a diferença entre pretos e negros?

R. No Brasil – diferente dos Estados Unidos – “negro é quem negro parece” e “preto rico, branco é; branco pobre vira preto”, portanto existe uma dupla classificação: de aparência e de classe social. A miscigenação, os “pardos” e/ou “mulatos”, certamente, fazem com que as classificações sejam, por vezes, confusas (cabelos alisados, pele mais clara, ou outros fatores), mas o negro, com as feições marcadas pela sua herança genética sofre uma discriminação (disfarçada ou não) nos ambientes sociais que o relacionam, automaticamente, com qualificações negativas: bandido, marginal, pivete, prostituta e outros “desclassificados” sociais. Quando ele se apresenta como “doutor” ou mostra que tem posses, imediatamente é retirado da categoria de negro-preto e se torna “moreno”. Isto é muito complicado, até porque o racismo vem sempre camuflado pela negativa (no Brasil, ninguém é racista) ou pelo cuidado “natural”.  Os movimentos de consciência negra, os antropólogos, sociólogos, historiadores, dizem que “preto” é cor; negro é consciência. Negro(a) é aquele(a) que assume a sua diferença como positiva e não busca se enquadrar nos padrões estéticos ou nos preconceitos da sociedade brasileira; aquele(a) que tem orgulho de sua ancestralidade africana, que tem orgulho da força dos seus antepassados e das suas raízes culturais. Ser preto é um acaso; ser negro é uma escolha e uma posição ética. Mas tudo isso é, certamente, muito complexo (e doído, também) por isso, a importância do acompanhamento dos jovens que entram pelo sistema de cotas.

8- Como é feito esse acompanhamento? Existem bolsas para ajudar esses estudantes cotistas que, na sua maioria, vêm de famílias muito pobres?

R. O acompanhamento é feito através de ações que buscam inserir os jovens (não apenas os cotistas) nos projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão que contam muito no currículo do estudante e, muitos desses projetos, oferecem algumas bolsas, de valor variado, aos seus participantes. O NEAA (Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos), na UEL, tem uma área de concentração em Estudos Afro-Brasileiros que desenvolve uma série de atividades para acolher o aluno cotista ou quem esteja interessado nessa linha de trabalho. As bolsas na UEL – e em nenhuma Universidade – não são suficientes para todos os que precisam, donde a necessidade de uma dolorosa seleção. A Fundação Araucária oferece bolsas para alunos da Escola Pública e, algumas, para alunos negros. Os programa Afroatitude e Uniafro, vindos do Governo Federal, estão parados, por enquanto, mas existe ume esforço muito grande para buscar sua reativação de algum modo. Mas, sem dúvida, a escassez de bolsas de apoio e permanência, é o ponto mais fraco do Sistema de Cotas.

9- Existem outros “pontos fracos” no Sistema de Cotas da UEL?

R. Sim, como o sistema é proporcional ao número de alunos inscritos, para que tenhamos o sistema funcionando plenamente, incluindo todos os alunos que queiram e que se mostrem capazes de freqüentar a Universidade, é preciso que se estimule a inscrição dos alunos no Sistema de Cotas. É preciso que os jovens negros e os da escola pública percebam que o Sistema de Cotas é um direito é só vai funcionar plenamente, se eles acreditarem e investirem nele. O outro “ponto fraco” é de cunho mais abrangente: a melhoria da escola pública. Quanto melhor for a escola pública, menos necessário será o Sistema de Cotas, é verdade – mas precisamos formar uma nova geração de jovens intelectuais, “antenados” com as necessidades sociais e dispostos a intervir no sistema público de educação, oferecendo cursos de formação, preparando material didático inovador, se tornando professores capazes de transformar a realidade da escola, do colégio, dos bairros e da cidade – este é, na verdade, o objetivo principal do Sistema de Cotas: formar essa geração e construir um Brasil para todos.

29 de agosto de 2010

ATA - do 18 de agosto de 2010

Reunião realizado com o Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos - NEAA



Campanha Pró-Cotas + indígenas.
Sugestão de título:
“MOVIMENTO PRÓ-COTAS: DIVERSIDADE E PERMANENCIA NA UEL”

CRIAR LOGOMARGA PARA MOVIMENTO PRÓ-COTAS

Lançamento da bibliografia de “Justiniano Clímaco da Silva” – O Doutor Preto, previsto para 10 de setembro (6ª feira) no Museu Pe. Carlos Weiss com coquetel na Super Creche. (inicio 18h)

Lançamento da bibliografia de “Vilma dos Santos” –...,
previsto para 20 de novembro ( sábado) no Aterro do Igapó (horário a definir)

Movimento Negro levará ao MP o caso André (Deco) ocorrido na UEL  e outro caso ocorrido em Sertanópolis (??)

21 de agosto – Leitura do Estatuto da Igualdade Racial – Super creche (horário?)
28 de agosto – João Carlos Nogueira – ACIL – 8h30 – 12h00

TODAS AS 5ª FEIRAS  9H TEM COLETIVA COM PREFEITO – ultima seman de outubro

COMENDA ZUMBI DOS PALMARES a membros (ou familiares ) de associados da AROL (data???)

“O DOMINGO É A GENTE QUE FAZ” – todos os domingo no Lago Norte das 14 as 18h (atividade da Prefeitura de Londrina) – programar participação

Programa de atividades

SETEMBRO:
Dia 10: LANÇAMENTO DE BIBLIOGRAFIA DE DR. CLÍMACO
Distribuição de flyer (semanal) . Textos simples e objetivos (SET/OUT/NOV)

OUTUBRO:
Programa de rádio (sexta ou sábado) a definir
Dia 8: panfletagem no calçadão (material distribuído semanalmente na UEL)
ATIVIDADES NO RU as quartas-feiras
FAIXAS (OUTUBRO E NOVEMBRO)
ULTIMA QUINTA-FEIRA DE OUTUBRO (dia 28) – COLETIVA COM PREFEITO 9 HORAS

NOVEMBRO:
Dia 6: jantar dançante – AROL – D. Hilda ???????
Mostra de cinema: 03 – 10 – 17 – 24 ( quarta-feira) Com – Tour (entrada franca) JEFFERSON D.
Mostra Palmares  (Agenor Evangelista) ????
DIA 15: Conferencia de abertura _ PRO-COTAS  (SUGESTÕES: Sueli Carneiro/
 Kabengele Munanga)
 Dia 16, 17 e 18 : mesas-redonda com professores, alunos cotista da UEL e parceiros  a definir) sugestão: Silvia, Pedro, Flávio,     Gilberto Guizelin
Dia 19: conferencia de encerramento: Ministro Joaquim Barbosa (Teatro Ouro Verde)
DIA 20: SHOW NO ATERRO DO IGAPÓ (a ser definido – responsabilidade Prefeitura) e lançamento bibliografia D. Vilma

Mostra de curtas em locais alternativos

Dias 05 – 12 -19 – 26 e 03 de dezembro :  (SEXTA) ZUMBI NA CONCHA (organizador Vagner Nogueira)

 DIA 26 DE AGOSTO: APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE FÁBIO LANZA E ALUNOS E COLABORADORES  DO LEAFRO  (9 horas)

DIA 01 DE SETEMBRO: REUNIÃO COM PARCEIROS (10horas)

ATA - do 12 de agosto de 2010

 Primeira reunião dia 12/08/2010 na casa da Larissa, Laís e Eduardo, para discutirmos a organização pró-cotas e ações afirmativas.
  • Primeira proposta é de utilizar o espaço do lançamento do livro da Mariana para divulgarmos essa discussão, visto que esse espaço terá a presença de algumas autoridades, alunos. Esse lançamento tem data prevista para setembro;
  • Elaborar uma carta para Nadna;
  • Não focar apenas no público do CCH, e como o grupo ainda é pequeno para fazer a divulgação, procuraremos pessoas de todos os centros interessadas em participar e assim faremos encontros para formamos essas pessoas. Buscar essas pessoas por meio dos C.A., e também com cartazes, no R.U.;
  • Para divulgação usar a rádio da UEL, panfletos no R.U., fazer intervenções culturais com um discurso político;
  • Essa avaliação não atinge somente a comunidade interna, temos apoio do movimento negro;
  •  Usar a eleição para diretor de centro para conseguirmos apoio;
  • Questionar se a UEL está preparada para lidar com esses alunos, falar no panfleto o fato que ocorreu com o Deco;
  • A Carol ficou responsável por verificar sobre o vestibular indígena, para saber se terá avaliação e como será. Importante associar as cotas para negros com o vestibular indígena, pois percebemos que a UEL não está preparada para lidar com essas situações. Os indígenas passam por invisíveis;
  • Usar dados da UEL para mostrar o desempenho tanto dos negros como dos indígenas;
  • Para a formação dos alunos convidas pessoas mais velhas;
  •  Cronograma: Elaborar carta
                             Fazer panfleto: breve histórico da cota, depois histórico do vestibular; qual o objetivo desse coletivo; colocar e-mail para contato
                             Fazer e-mail
                             Nome para o coletivo
                             Conversar com o NEA
                             Chamar uma reunião com os alunos indígenas, pois eles que vão dizer as dificuldades
                              Pegar lista de e-mail dos C.A. com o DCE

ATA - do 18 de agosto de 2010

 Reunião com o Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos - NEAA


Campanha Pró-Cotas + indígenas.
Sugestão de título:
“MOVIMENTO PRÓ-COTAS: DIVERSIDADE E PERMANENCIA NA UEL”

CRIAR LOGOMARGA PARA MOVIMENTO PRÓ-COTAS

Lançamento da bibliografia de “Justiniano Clímaco da Silva” – O Doutor Preto, previsto para 10 de setembro (6ª feira) no Museu Pe. Carlos Weiss com coquetel na Super Creche. (inicio 18h)

Lançamento da bibliografia de “Vilma dos Santos” –...,
previsto para 20 de novembro ( sábado) no Aterro do Igapó (horário a definir)

Movimento Negro levará ao MP o caso André (Deco) ocorrido na UEL  e outro caso ocorrido em Sertanópolis (??)

21 de agosto – Leitura do Estatuto da Igualdade Racial – Super creche (horário?)
28 de agosto – João Carlos Nogueira – ACIL – 8h30 – 12h00

TODAS AS 5ª FEIRAS  9H TEM COLETIVA COM PREFEITO – ultima seman de outubro

COMENDA ZUMBI DOS PALMARES a membros (ou familiares ) de associados da AROL (data???)

“O DOMINGO É A GENTE QUE FAZ” – todos os domingo no Lago Norte das 14 as 18h (atividade da Prefeitura de Londrina) – programar participação

Programa de atividades

SETEMBRO:
Dia 10: LANÇAMENTO DE BIBLIOGRAFIA DE DR. CLÍMACO
Distribuição de flyer (semanal) . Textos simples e objetivos (SET/OUT/NOV)

OUTUBRO:
Programa de rádio (sexta ou sábado) a definir
Dia 8: panfletagem no calçadão (material distribuído semanalmente na UEL)
ATIVIDADES NO RU as quartas-feiras
FAIXAS (OUTUBRO E NOVEMBRO)
ULTIMA QUINTA-FEIRA DE OUTUBRO (dia 28) – COLETIVA COM PREFEITO 9 HORAS

NOVEMBRO:
Dia 6: jantar dançante – AROL – D. Hilda ???????
Mostra de cinema: 03 – 10 – 17 – 24 ( quarta-feira) Com – Tour (entrada franca) JEFFERSON D.
Mostra Palmares  (Agenor Evangelista) ????
DIA 15: Conferencia de abertura _ PRO-COTAS  (SUGESTÕES: Sueli Carneiro/
 Kabengele Munanga)
 Dia 16, 17 e 18 : mesas-redonda com professores, alunos cotista da UEL e parceiros  a definir) sugestão: Silvia, Pedro, Flávio,     Gilberto Guizelin
Dia 19: conferencia de encerramento: Ministro Joaquim Barbosa (Teatro Ouro Verde)
DIA 20: SHOW NO ATERRO DO IGAPÓ (a ser definido – responsabilidade Prefeitura) e lançamento bibliografia D. Vilma

Mostra de curtas em locais alternativos

Dias 05 – 12 -19 – 26 e 03 de dezembro :  (SEXTA) ZUMBI NA CONCHA (organizador Vagner Nogueira)

 DIA 26 DE AGOSTO: APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE FÁBIO LANZA E ALUNOS E COLABORADORES  DO LEAFRO  (9 horas)

DIA 01 DE SETEMBRO: REUNIÃO COM PARCEIROS (10horas)

28 de agosto de 2010

Da memória negra, páginas em branco

Tanta coisa se passou
que a memória
deu um branco, não guardou
apenas parolou.

Tanta luta
não foi de graça
não teve graça
foi com raça.

A tradição é oral
extra oficial
De belezas 
e tristezas
sem igual
mas ficou marginal
Pois da alforria
foi à periferia.

Vamos escrever nossa história.


Inês Monique 

23 de agosto de 2010

AS 10 PERGUNTAS QUE TODO MUNDO FAZ:

O SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL)


1. O que são as COTAS ?
R. A palavra COTA significa “parte” e descreve um dos aspectos mais importantes das chamadas Ações Afirmativas. COTAS são uma reserva de vagas na universidade ou em qualquer outro espaço social no qual o acesso de algum grupo étnico, religioso, de gênero ou qualquer outro, não tenha acesso garantido numa base de oportunidades realmente equivalentes. A igualdade de oportunidades deve estar baseada numa igualdade real e concreta de condições sociais, econômicas e educativas – quando isto não acontece, são construídas as Ações Afirmativas que forem necessárias.

2. O que são AÇÕES AFIRMATIVAS ?
R. As Ações Afirmativas são um conjunto de ações temporárias construídas pela sociedade para resolver algum problema que afete de forma negativa um grupo social – chamam-se Ações Afirmativas, pois afirmam a necessidade de se encontrar soluções para problemas sociais. As Ações Afirmativas são usadas em relação a vários grupos que se encontrem, num certo momento, com alguma desvantagem para alcançar a igualdade em relação a outros: o movimento feminista, a defesa dos direitos das pessoas com necessidades especiais, a defesa das culturas indígenas, a luta contra a homofobia e, até mesmo, algumas ações ecológicas, são exemplos famosos de Ações Afirmativas.
As Ações Afirmativas para as populações negras incluem: a defesa das populações quilombolas, a Lei 10.639/03 que demanda o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas, a defesa do direito de expressão religiosa dos Candomblés, a Lei Afonso Arinos e o Sistema de Cotas – tudo isso é parte de um conjunto de Ações Afirmativas.

3. O que são as COTAS para negros na Universidade ?
R. As COTAS são a reserva de uma parte das vagas para a Universidade para estimular a entrada de jovens negros no ensino superior. É preciso lembrar que, enquanto a população negra soma uma média de 50% da população brasileira (em algumas regiões é menos, em outras, é mais), a média de negros na Universidade é de cerca de 15% (variando conforme os cursos). A sociedade brasileira não pode permitir que uma quantidade enorme de moças e rapazes não tenha a chance de se tornarem profissionais competentes – isto é injusto e desastroso para as pessoas, para a sociedade e para o desenvolvimento do próprio país.
As cotas na Universidade podem contemplar vários grupos: negros, estudantes das escolas públicas, indígenas, pessoas com necessidades especiais. No Brasil, já tivemos até cotas para filhos de fazendeiros. Em muitos outros países, existem cotas escolares ou profissionais para minorias étnicas (“párias”, na Índia, chicanos nos Estados Unidos, árabes na Europa, ainos no Japão), para mulheres ou para grupos religiosos – as cotas, em todos os lugares, permitem que os grupos sociais que tenham sofrido alguma desvantagem histórica possam concorrer, em pé de igualdade, com outros grupos que tenham tido vantagens no acesso social.

4. Qual a vantagem do Sistema de Cotas para negros na Universidade?
R. É preciso ressaltar, sempre, que o objetivo principal do Sistema de cotas é resolver problemas coletivos, sociais e nacionais.
O Sistema de Cotas para negros no vestibular se justifica diante da constatação de que a universidade brasileira é o espaço mais valorizado para a formação de profissionais, mas que a maioria esmagadora dos seus alunos e professores é branca, privilegiando-se, assim, apenas um segmento étnico na construção social – isto, é claro, limita a oferta de soluções e perspectivas para resolver os problemas de nosso país. Com o Sistema de Cotas para negros, incentivamos a formação de médicos, advogados, professores, engenheiros, psicólogos, administradores, jornalistas negros que, esperamos, tragam um novo olhar para superar os graves problemas da sociedade brasileira.
A oportunidade pessoal que é dada a jovens negros e negras para se tornarem parte do processo da construção das estratégias que podem melhorar o país é de extrema importância e valor do ponto de vista da justiça social e, é claro, do engrandecimento e da realização individual.

5. Como é o Sistema de Cotas para negros na UEL?
É um sistema bastante complexo, que existe desde 2005 e que terá a duração de 7 anos, quando, então será reavaliado. As vagas para os cotistas (20% para escola pública e 20% para negros) são modificadas de acordo com o número de alunos inscritos, proporcionalmente, em cada categoria – portanto se houverem poucos alunos inscritos pelo Sistema de Cotas em algum curso, o número da reserva de cotas desse curso, diminui. No entanto, o sistema da UEL permite uma “migração” entre as categorias, da seguinte forma: o cotista negro que tenha alcançado uma média mais alta “migra” para as outras categorias, bem como o cotista da escola pública pode “migrar” para a categoria das vagas universais. Este sistema permite manter as vagas para cotistas como uma reserva mínima de segurança, mas, ao mesmo tempo, “aproveitar” o bom desempenho de qualquer candidato, localizando-o no conjunto de todos os candidatos. Nesse caso, é possível que haja uma pequena discrepância de notas entre as categorias, na ordem dos decimais, desprezível do ponto de vista estatístico. O mais importante é que este sistema permite que os melhores de cada categoria ingressem na UEL.

6. Como se faz a inscrição pelo Sistema de Cotas para negros na UEL?
R. A UEL tem duas reservas de COTAS: cotas para alunos da escola pública (cotas de inclusão social) e cotas para negros (cotas de inclusão racial). As cotas para negros vão até 20% do total de vagas para qualquer curso; as vagas para alunos da escola pública somam até mais 20%; os outros 60% de vagas são chamados de “universais”. Os indígenas concorrem, no vestibular, para vagas fora do número total.
Para concorrer às vagas reservadas para o Sistema de Cotas para Negros, o candidato deverá se auto-declarar negro e optar pelo Sistema no momento da inscrição no vestibular. É importante notar que o aluno inscrito pelo Sistema de COTAS pra negros, deve, obrigatoriamente, ter feito, também, o ensino fundamental e médio em escola da rede pública estadual ou municipal.
Para concorrer às vagas reservadas por meio do sistema de cotas para negros, o candidato deverá ser de cor preta ou parda, ter feições etnicamente caracterizadas (não basta pegar sol na piscina para ficar escuro ou ter algum ancestral negro), declarar-se negro e optar pelo Sistema de Cotas.
Os candidatos aprovados pelo sistema de cotas que não tiverem “migrado” para as outras categorias, serão entrevistados por uma Comissão Homologadora formada por representantes da UEL, do NEAA (Núcleo de Estudos que coordenada os projetos relativos aos estudos sobre história e cultura africana e afro-brasileira), do Núcleo Regional de Educação, dos Estudantes e da Comunidade Negra Organizada. Esta comissão tem a função de avaliar se o aluno se insere nos pré-requisitos objetivos necessários para fazer jus ao Sistema de Cotas para negros, não lhe cabendo nenhuma avaliação de cunho político, filosófico ou religioso.
Os alunos que não concordarem com a decisão da Comissão Homologadora podem recorrer judicialmente.

7- Por que até 20% ?
R. Porque as pesquisas do IBGE mostram que os negros somam cerca de 20% da população do Paraná. Em outros estados, a porcentagem é diferente, conforme o tamanho da população negra existente no local. Essa porcentagem propõe que a população seja representada no corpo universitário – antes, podemos dizer que “existiam 40% de cotas para brancos, da classe média e média alta que estudavam, numa grande medida, na escola particular”, pois esta era a “cara” da UEL – agora, aos poucos, a UEL se torna mais próxima da realidade social do estado.

8. Os alunos que entram pelo Sistema de Cotas são menos qualificados que os alunos que entram pelo sistema universal ?
R. Não. Todos os candidatos ao vestibular da Uel – cotistas ou não – têm de atingir uma mesma nota mínima para serem classificados. Essa pontuação mínima deixa de fora candidatos do sistema universal e também, cotistas. A nota avalia o mérito de todos os concorrentes – a única diferença é que, como nas raias de um piscina, numa competição, cada grupo de candidatos concorre com os seus iguais. Como dissemos acima (pergunta 1) as cotas existem para permitir uma maior igualdade e justiça de oportunidades para todos.

9. O que acontece se o candidato ao Sistema de Cotas para Negros não tem sua inscrição homologada?
R. Ele perde a vaga e a matrícula. Com isso, a UEL pretende desestimular aqueles que buscam usar o sistema de forma equivocada, em proveito próprio.
O candidato a cotas para negros deve ser visivelmente negro, com feições características – pois, no Brasil, “negro é, quem negro parece”: alguém não sofre preconceito e discriminação porque seu avô é negro, ou porque fica moreno na piscina; as pessoas sofrem preconceito e discriminação porque são percebidas como negras e, sobre elas pesa o imaginário da marginalidade, da exclusão e da ameaça.
O candidato a cotas para negro e a cotas para escola pública deve ter feito todo o seu ensino fundamental e médio em escola pública regular: os institutos profissionalizantes (SENAI e SENAC, por exemplo) ou escolas comunitárias de capital privado não são considerados escolas públicas.

10. As vagas que eventualmente sobrem no Sistema de Cotas ficam ociosas?
R. Não. A política da Uel é ocupar as vagas existentes enquanto existir candidato classificado. Isso se aplica a todos os sistemas. O resultado da primeira chamada do vestibular vem mostrando um bom desempenho dos candidatos cotistas. Mas, dependendo do curso, o preenchimento das vagas se prolonga até o início de abril.

* Texto extraído do site do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos (NEAA) da Universidade Estadual de Londrina. Segue o link: http://www2.uel.br/neaa/cotas.html.