Este é mais um caso de racismo que tende a ficar em pune, frente à hipocrisia de nossa sociedade.
Nota à imprensa
Sou músico, negro, formado em pedagogia em Cuba, país onde nasci. Vim para o Brasil há 6 anos para fazer um curso de pós-graduação na Universidade Federal de Salvador. Atualmente moro em São Paulo, onde atuo como percussionista e professor de música, trabalhando com diversos artistas como Pepeu Gomes, André Jung, Edgar Scandurra, Luísa Maita, Karina Buhr, Marina de La Riva, João Gordo, entre outros. Escolhi o Brasil para meu aprimoramento profissional e, em especial, a cidade São Paulo por ser uma metrópole aberta à diversidade e caracterizada pela multiculturalidade.
No dia 28 de agosto de 2010 fui vítima de um episódio racista por parte de seguranças do shopping Cidade Jardim, no momento que me dirigia a Livraria da Vila para fazer um show de apresentação do DVD da cantora Marina de La Riva. Na ocasião, enquanto me dirigia à livraria dois seguranças da instituição vieram ao meu encontro de maneira hostil, agressiva. Um deles falou que eu não poderia entrar sem me explicar o motivo de tal restrição.
Expliquei o motivo da minha presença no local e mesmo assim ele questionou e, apontando para mim, ainda que tentando ser discreto, comentou com o outro:
– Estão suspeitando desse indivíduo porque ele está falando que veio fazer um show, mas anda de táxi e ninguém viu seus instrumentos!
Diante desse comentário, solicitei a presença de um responsável ou de algum superior dele e recebi a seguinte resposta, que reproduzo palavra por palavra:
– Você é estrangeiro e não sabe que este shopping foi assaltado duas vezes? Quem te mandou entrar, quem te autorizou a entrar?
Nesse meio tempo, consegui me comunicar com um dos músicos da banda, que desceu ao meu auxílio. No momento da chegada dele, já tínhamos saído do interior do prédio e nos encontrávamos no estacionamento diante do táxi, onde eu, indignado, disse:
– Olha vocês que falaram que ninguém viu meus instrumentos, eles estão aqui! – tirando-os do táxi.
Mesmo assim, eles continuaram argumentando que eu não podia entrar. Depois da intervenção da produtora da banda, do pessoal da livraria e dos músicos, entrei e se fez a apresentação. Indignado com o que vivi, reportei o fato à administração do shopping dois dias depois. Não obtive uma resposta à altura do ocorrido. Diante disso, resolvi comunicar o fato às autoridades competentes, formalizando a denúncia como crime de racismo.
Você tem voz:
Tão importante quanto denunciar o fato, as pessoas que se sentem discriminadas ou vítimas de preconceito devem saber que existem instituições onde podem fazer este tipo de denúncia. Ali serão escutadas orientadas e receberão assessoria legal.
Veja abaixo uma relação das instituições que trabalham no combate de qualquer tipo e forma de descriminação, intolerância e preconceito, contra qualquer tipo de grupo social, sem distinção de SEXO ou COR de pele:
CEERT – Centro de Estudo de Relações de Trabalho e Desigualdades (para causas coletivas) DECRADI – Delegacia Especializada em Crimes Raciais e de Intolerância GELEDE – Defesa das Mulheres contra todo tipo de Preconceito e Sexismo. 181- S. O. S – Disque Racismo, Assembleia Legislativa São Paulo.
Pedro Damian Bandera Izquierdo Telefone: 9220-2757
E-mail: banderabata@yahoo.com.br
Advogado: Daniel Teixeira
Telefone: 8356-5846
E-mail: danielceert@uol.com.br
São Paulo, fevereiro 2011.
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